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SMARTPHONE, O NOVO VILÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO?

Com as facilidades das novas tecnologias e conectados quase que 24 horas por dia, é necessário hoje, que os usuários e empresas avaliem os riscos dos smartphones para a saúde física e mental dos colaboradores e o quanto podem ser prejudiciais no ambiente de trabalho.

Com base em uma reportagem de Raira Cardoso da Revista Proteção iremos abordar o tema, bastante atual e que ainda gera muita discussão dentro e fora das organizações.

Somente no Brasil, são 198 milhões de smartphones em circulação, quase o número da população total do país, segundo uma pesquisa realizada pela Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas. O grande perigo não está na quantidade de aparelhos, e sim na forma de utilização deles, já que muitos usuários se distraem facilmente ao utilizá-los durante as atividades cotidianas. E isso se torna um agravante dentro do ambiente de trabalho.

Sabendo da importância dos dispositivos móveis na vida das pessoas atualmente, o quanto sua utilização no ambiente de trabalho, pode atrapalhar? Até que ponto seu uso afeta a saúde e a segurança dos trabalhadores? O tema é novo, com ampla discussão, tanto para o lado positivo, quanto negativo.

De acordo com a Médica do Trabalho Márcia Bandini, também presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, os dispositivos móveis podem ser uma importante ferramenta de trabalho, facilitando o acompanhamento de projetos, trabalhos e eventos. Já na indústria, seu uso tem dois lados, pro bem e pro mal. O higienista Ocupacional da Unidade de Segurança e Saúde do Sesi de Santo André, Fábio Alexandre Dias, avalia que existem rotinas de trabalho em que tanto os smartphones quanto os notebooks trazem contribuições vitais ao processo, porém constata que, em algumas tarefas, a utilização do aparelho é prejudicial, principalmente em atividades que necessitam da atenção e da concentração do funcionário.

É uma “faca de dois gumes” e o que define se o smartphone e as demais tecnologias auxiliam ou prejudicam as atividades dentro das organizações é justamente a forma de uso, diz o psicólogo do Trabalho Mário César Ferreira, pós-doutor em Ergonomia Aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho.

Quando pensamos em Direção Veicular, sabemos que têm ocorrido diversos acidentes graves por uso do smartphone ou eletrônicos similares. Segundo o diretor do Departamento de Medicina de Tráfego da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Alves Junior, essa realidade também pode ser observada no contexto do motorista profissional. Ele explica que três funções essenciais para a prática segura da direção veicular são comprometidas pela distração produzida, não só pelos smartphones, mas também pelos aparelhos GPS, televisões e rádios comunicadores, muito comuns em carros e transportes públicos. A primeira é a função cognitiva, que engloba a atenção, concentração, raciocínio, vigília e percepção. Em seguida, ele cita a função motora, responsável por enviar informações do Sistema Nervoso Central para os músculos e glândulas, fazendo-os funcionar de acordo com o que foi visto ou ouvido. Por último, há a função sensório-perceptiva, encarregada pela sensibilidade do tato, da visão e da audição.

Desta forma, tanto um operador quanto um motorista, perdem a perspectiva do todo, ficando com uma visão tubular, sem uma percepção periférica. Por exemplo, o motorista leva pelo menos de três a quatro segundos para pegar o telefone que toca, e com sua atenção voltada para a tela do aparelho, estando à 100 km/h, terá se movido cerca de 110 metros sem olhar para frente, dirigindo no ‘piloto automático’. Um grande risco.

Na construção civil as tarefas também devem ser realizadas com cautela e atenção, e o uso de celulares pode ser muito perigoso, até fatal. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília/DF, Raimundo Salvador, a distração com esses aparelhos pode gerar uma queda do trabalhador em um buraco, por não perceber que a laje acabou, cair de um prédio em construção ou até não perceber um caminhão que está dando a ré.

Alguns trabalhos em indústrias químicas também podem ser afetados de maneira negativa em consequência do uso do smartphone, como na execução das atividades consideradas críticas, tais como trabalhos em altura, entradas em espaços confinados, serviços à quente, que exigem um grau de atenção maior, afirma a química Yáskara Barrilli, assessora técnica da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).

Mais perigoso ainda é o uso de celulares nas chamadas “áreas classificadas” das indústrias, aquelas que possuem produtos inflamáveis e podem gerar riscos de fogo ou explosão. A química ainda esclarece que, nessas áreas são permitidos apenas equipamentos e instrumentos intrinsecamente seguros, o que não se aplica ao celular. Já que este, pode ser uma potencial fonte de ignição com energia suficiente para causar a combustão dessa atmosfera.

Além dos acidentes de trabalho, outra questão relacionada ao uso de celulares, tablets e outros aparelhos semelhantes, é quanto à saúde de seus usuários pela postura adotada durante sua utilização, pois a curvatura excessiva e prolongada do pescoço pode causar dores e problemas musculoesqueléticos, a má postura exigida no uso destes aparelhos, causam dores, desconfortos e tendinites nos membros superiores. Isso ocorre pelo acúmulo do ácido láctico, produzido pelo metabolismo anaeróbico e potente irritante das terminações nervosas, afirma o médico do Trabalho Hudson de Araújo Couto.

Para tudo isso, se faz necessário um acompanhamento constante da Segurança e Medicina do Trabalho nos ambientes organizacionais, para se desenvolver programas que atendam essas questões e muitas outras à debater, para que os usuários tenham uma orientação, que entendam os riscos do uso abusivo do celular e como ele pode ser uma importante ferramenta no trabalho se usado de maneira adequada e saudável.

Ref.: Revista Proteção, Saúde e Segurança do Trabalho. Editora Proteção Publicações. Ed. 307, p. 41-46, Julho/2017.

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