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Muito papel e pouca atitude

Muito papel e pouca atitude

Muito papel e pouca atitude

Gestor da Abracopel e consultor de empresas diz que é preciso diminuir o abismo entre o que as normas preveem e a prática diária

Entrevista à jornalista Daniela Bossle

 

Há pelo menos 30 anos trabalhando no setor de eletricidade, o engenheiro eletricista Edson Martinho, 58 anos, tem sido incansável na luta pela prevenção de acidentes com eletricidade. Atividade que exerce junto à Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), da qual foi fundador, presidente e atualmente é seu diretor executivo. “Você tem duas formas de mudar as coisas: pelo amor ou pela dor. Pelo amor é o que a gente faz na Abracopel: falar, apontar os riscos, mostrar como se faz”, explica Martinho que toca vários projetos voltados para a conscientização da população em geral e também para atualização e informação técnica na área.

Na entrevista ele comenta sobre as causas dos acidentes com eletricidade no trabalho e como, na sua visão, eles poderiam ser minimizados. “O problema todo está na falta de conhecimento, na falta de análise de risco correta, na seleção e no uso dos equipamentos adequados às atividades”, avalia o especialista, que coordena também diferentes comissões de estudo no âmbito da ABNT como a NBR 16384 (Segurança com eletricidade – Orientações e recomendações para trabalho seguro em eletricidade), de consulta obrigatória para quem precisa aplicar a NR 10. Martinho concluiu recentemente pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, tem formação em marketing e em docência de ensino superior. Além de consultor, também coordena e ministra treinamentos junto à empresa de instrumentos de medição Fluke.

Como o senhor avalia a conscientização hoje no país em relação aos riscos com eletricidade especialmente nos ambientes de trabalho? A percepção ainda é ruim demais. Mesmo depois de 18 anos trabalhando na conscientização da população há uma cultura do brasileiro de fazer as coisas mais ou menos, fazer com jeitinho, deixar de fazer porque não tem fiscalização. Há, por exemplo, duas situações recentes que estou vivenciando como consultor de uma indústria e de um hospital onde fui fazer avaliação e nenhuma das duas têm requisitos mínimos previstos na versão atual da NR 10 que vai completar 18 anos agora em dezembro. Não têm um diagrama unifilar, não têm identificação dos circuitos. O básico do básico não está sendo feito e também a experiência me mostra que os profissionais não se utilizam dos Equipamentos de Proteção Individual, não fazem análise de risco… O que vejo hoje em relação à Segurança do Trabalho, não só na indústria, mas no mercado como um todo: se exige muito papel e pouca atitude. Numa das empresas em que fui, por exemplo, fiz uma integração, tudo muito bonito. ‘Não ande pela empresa fora da faixa’. Bacana. Aí você está dentro da fábrica, começa a andar pela faixa e tem um carrinho parado no meio da faixa ou tem uma máquina instalada no meio da faixa e as pessoas tem que se espremer para conseguir passar. Há uma diferença muito grande entre o que se pede e a atitude das pessoas. Então olhando sob esse aspecto vai de mal a pior. Ainda tem muita coisa para mudar em relação à conscientização para segurança. É fato que avançamos muito nos últimos 20 anos em relação às pessoas se preocuparem com segurança, mas eu acho que ainda tem um abismo muito grande e o que falta é mudar a cabeça das pessoas. No treinamento recebe orientações, acha bacana só que quando vira as costas aquilo tudo deixa de acontecer porque aí prevalece o jeitinho: ‘eu tenho que buscar meu capacete que tá lá do outro lado’, ‘eu só vou fazer uma entradinha aqui rapidinho’, ‘eu tenho que pegar minha luva e ela tá longe, é só para ligar um fio’.. Entendeu? É aí que acontece o acidente na empresa.

E como reverter isso no caso dos ambientes de trabalho? Você tem duas formas de mudar as coisas: pelo amor ou pela dor. Pelo amor é o que a gente faz na Abracopel: falar, mostrar os riscos, mostrar como se faz, é a conscientização. O que falha hoje no Brasil é a punição real. Ou seja, você tem lá uma situação como esta que citei, uma faixa de pedestres em que você deveria andar e quando chega lá, você tem uma paleteira ou uma máquina instalada ali. Quem é o responsável por isso? Quem colocou essa máquina ou essa paleteira? Ele tem que ser punido porque senão para ele vai ser normal continuar da mesma forma. A fiscalização também pode ser o caminho, mas ela não pode ser a única forma. As pessoas precisam ter medo da punição. Essa é a verdade. Se você não tiver medo da punição, se você não sofrer nenhuma punição, você vai continuar fazendo errado até o dia em que acontecer o acidente. Precisamos apertar um pouco mais o cerco. A fiscalização vem, mas ela tem que vir, identificar o problema e punir porque se ela vier só alertar e for embora, daqui há pouco as pessoas vão fazer de novo.

Quando o senhor fala em punição se refere ao trabalhador? Mas nem sempre o trabalhador tem consciência porque o seu supervisor ou gerente não lhe orientou ou não gerenciou a situação de forma adequada… A punição é do responsável, aí tem que identificar por que o trabalhador está errando. Por que ele tomou uma determinada atitude? Foi dito que ele não podia fazer? Se ninguém disse para ele, então ele não é o responsável, é o superior dele. Essa identificação é algo muito difícil. Como saber quem eu vou punir? O diretor, o gerente, o supervisor, o funcionário? Como você falou, é difícil você identificar e determinar uma punição. Mas acho que temos que criar mecanismos porque hoje a punição é o acidente. Precisamos antecipar isto, precisamos alertar de uma forma um pouco mais incisiva. A pessoa tem que saber que daquele ponto para frente a punição será o acidente, e ela não precisa chegar neste ponto. Então vai ser suspenso, vai tirar ele daquela função, vai mexer no salário… sei lá. Não é tão simples, mas é preciso ter algumas atitudes.

Como a Abracopel vem trabalhando para melhorar a conscientização em relação à segurança com eletricidade? A Abracopel atua no amor, na conscientização, na orientação mostrando os riscos e perigos e como fazer para controlá-los ou eliminá-los. Hoje temos programas de atualização profissional como seminários técnicos e webinários em que levamos informações aos profissionais, tanto a parte de atualização técnica como a parte da atualização em segurança. Falamos com o eletricista que é o profissional prático, com o técnico que é o cara que faz a coordenação, com o engenheiro eletricista e de Segurança do Trabalho. Mas também falamos com outras profissões e ainda com o leigo que é aquele que mais sofre acidentes fora do trabalho. Sofre acidente dentro de casa, na rua, em atividades de lazer. Esse leigo também tem que ter informação básica para que na hora de avaliar o risco possa saber o mínimo. Além dos projetos de atualização profissional, temos um projeto chamado Universidade Abracopel que é um repositório de informações mais voltadas ao técnico e ao engenheiro. Temos o projeto Abracopel no Lar que é focado no leigo e no usuário de instalação elétrica e o projeto Eletricista Consciente e Seguro. Além disto publicamos o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica que é o único documento no país que traz um panorama geral dos acidentes com eletricidade. Abrange os acidentes que acontecem dentro de casa, na rua, na indústria, na rede de distribuição de energia; segmentados por faixa etária, cidade/estado etc. Traz um cenário de como está o Brasil em relação ao acidente com origem elétrica. É fato que esses números são a partir da coleta de dados em notícias. Então muitos acidentes, não chegam para a gente, principalmente os da indústria, que são mascarados e não noticiados. O nosso Anuário tem sido usado como base para políticas públicas, para elaboração de leis federais, estaduais e municipais. As próprias empresas estão se utilizando das informações para avaliar a sua realidade e desenvolver projetos internos ou produtos internos que atendam requisitos de segurança com eletricidade. A primeira edição foi em 2017, mas ele já trazia dados desde 2013 quando nós iniciamos a coleta de informações. Todo ano a gente vai aumentando, a versão 2022 com ano–base 2021 traz os dados de 2021 e a série histórica desde 2013.

Quais os resultados mais significativos do Anuário da Abracopel para o ano de 2021 sobre acidentes com eletricidade no trabalho? Tivemos em 2021 1.585 acidentes em geral com mortes e sem mortes. Deste total você tem acidentes por choque elétrico, por incêndios e por descargas atmosféricas. Dentro desses números tivemos 674 acidentes com mortes por choque elétrico, 47 acidentes com mortes em incêndios gerados por sobrecargas e curtos-circuitos e mais 40 mortes geradas por descargas atmosféricas totalizando 761 mortes no total. O Nordeste, desde o início da nossa publicação, é a região com maior número de acidentes em geral, depois vem o Sudeste, o Sul, o Norte e o Centro-Oeste. No universo das empresas chamaria atenção para o grande número de acidentes com mortes em redes de distribuição. No ano de 2021 houve um total de 674 acidentes fatais por choque elétrico sendo que 297 mortes ocorreram em redes de distribuição.

Como o senhor interpreta este dado? Na rede aérea e também nas residências é onde acontecem os principais acidentes. No caso das ocorrências nas redes de distribuição, em torno de 80%, são de pessoas que chegam à rede. É o pintor que vai fazer uma pintura de fachada e encosta na rede, o instalador de fachada, o pedreiro e por aí vai. Nem todos são acidentes de trabalho, a grande maioria não é. Entre 15 a 20% desses acidentes são com trabalhadores. Mas mesmo assim é problema porque no caso de quem atua nas concessionárias de energia há um grande trabalho de conscientização e mesmo assim as pessoas se acidentam. Há outros números também significativos no comércio com 33 mortes, em igrejas, em postes em área urbana, em postes em área rural – mas aí também tem muita gente que vai se aventurar a fazer reparo sem qualquer conhecimento. Em indústrias foram 35 mortes por choque elétrico que é um número razoável, aparece como terceira causa de acidente. Normalmente, os acidentes que acontecem nas indústrias são porque a preocupação com a segurança é muito pequena, estão mais preocupados com o avanço da produção. São profissionais que, muitas vezes, não são qualificados adequadamente, pessoas que acabam fazendo isso na prática. Muitos são eletricistas que desconhecem o risco, mas, principalmente, não há uma prática de análise de risco. Presto serviço e faço Análise Preliminar de Risco, mas não vejo ninguém fazendo e nem exigindo que se faça isto. Às vezes exigem quando você nem foi ao local ainda, exigem que a gente mande a APR por e-mail sem nem ter visto o local. Aí eu digo ‘tá, mas como é que eu faço uma APR, se nem fui ao local? ’ É uma prática de muito papel e pouca atitude.

Estamos com uma nova NR 10 para ser publicada em breve. Qual é a sua expectativa em relação a esta nova legislação voltada para a segurança nos trabalhos com eletricidade? Primeiro temos que deixar claro que a NR 10 é uma norma de gestão ou seja: quem define o que vai ser feito ou não é o gestor da empresa. Ela só orienta os caminhos. Mas o brasileiro é acostumado com receita de bolo. O problema começa por aí. É uma norma para você pensar. Mas ninguém quer pensar, todo mundo quer o como fazer. Só que o como fazer está nas normas técnicas e é preciso buscar todas as normas técnicas. Como é que eu mantenho uma instalação elétrica de baixa tensão segura? Tenho que consultar a NBR 5410. E assim por diante… tenho que ler 20, 30 normas técnicas só para começar. Ou então preciso definir um EPI para trabalho com risco elétrico e aí a roupa tem uma norma, o capacete tem outra norma, a luva tem outra norma… O que o profissional faz? Liga para o fabricante e pergunta ‘qual é a roupa que uso no meu eletricista’? O fabricante querendo vender fala ‘coloca risco 2 e está tudo bem’. Ou seja, tudo o que foi preconizado na NR 10 morreu. A NR 10 do jeito que está hoje, diria que já está boa. Mas qual é a esperança que eu tenho? A NR 10 de 2004 foi escrita com a experiência de quem trabalha muito na eletricidade que são as concessionárias de energia. Lógico que a indústria também participou, mas com um peso muito menor e você percebe isso no texto; ele é muito mais focado em quem está na indústria elétrica onde o risco é muito maior e é quem se preocupa mais com isto. Só que o mundo mudou, é preciso avançar, a indústria precisa entrar neste pacote. A minha expectativa é que a nova NR 10 venha com mais cara de quem trabalha dentro da indústria, com alguns requisitos a mais. Como eu disse: o gestor deve pegar a norma e transferir para a realidade dele, mas ela deve vir com algumas coisas mais e principalmente dois itens: os riscos de arco elétrico que até onde eu sei estão sendo contemplados e o trabalho com energia em corrente contínua. Por que corrente contínua? Porque temos hoje sistemas fotovoltaicos, eólicos, veículos elétricos… tudo em corrente contínua, que está ligada diretamente ao arco elétrico, ou seja, cada vez mais isso precisa estar na mente de quem trabalha com eletricidade. A Abracopel inclusive contribuiu fazendo algumas sugestões e espero que isso venha para melhorar. De qualquer forma ao meu ver a atual NR 10 já é o melhor documento que temos hoje sobre segurança com eletricidade. Só que precisamos fazer ela acontecer na prática para garantir a segurança e não apenas para cumprir norma. Esse é o problema porque o brasileiro faz as coisas só para cumprir norma. Desde 2010 quando fizemos uma discussão no IEEE ESW [Electrical Safety Workshop] Brasil começamos a desenvolver uma norma técnica que seria inicialmente um complemento da NR 10. Mas ela acabou sendo mais do que isso, ela amplia a visão da NR 10. É a norma ABNT NBR 16384 publicada em março de 2020 e que serve como consulta. Chama-se Segurança com eletricidade – Orientações e recomendações para trabalho seguro em eletricidade. É uma consulta obrigatória para quem está aplicando a NR 10, porém com uma visão mais ampliada.

O senhor participa ativamente da elaboração e revisão de normas técnicas da ABNT voltadas para eletricidade. Como está este trabalho? A NBR 16384 foi publicada em março de 2020 e em seguida ela voltou para revisão. Já havia um acordo com a Comissão de que seria feito isto porque ela é uma norma dinâmica, não pode parar e como ela é uma norma de orientação e recomendação quanto mais informações colocarmos nela, melhor será o seu consumo. É natural que quando vá para o mercado sejam feitos alguns testes e aí corrigimos o que é necessário, nomenclaturas e também acrescentamos algumas coisas em relação aos sistemas fotovoltaicos, que estão sendo muito utilizados e o pessoal está fazendo uma besteira atrás da outra. Hoje as pessoas trabalham muito como autônomas, e os acidentes estão acontecendo. Também de dentro desta Comissão da 16384 saiu um grupo de trabalho que está elaborando uma norma técnica brasileira de cálculo de incidência de energia do arco elétrico.

Se tudo correr bem no próximo ano teremos uma norma técnica especificamente para estes cálculos. Ela será publicada nacionalmente com requisitos e eu diria com uma tropicalização, ou seja, considerando a realidade brasileira. Quem está participando de sua elaboração são os principais especialistas que aplicam as normas internacionais e alguns inclusive que participam da elaboração destas normas internacionais. Estamos convidando esses profissionais para participar e esta norma vai ser importante. Por enquanto está sendo elaborada no grupo de trabalho, depois vai para consulta pública e deve sair em meados de 2023. Já a nova versão da 16384 está num momento de stand by por conta da NR 10. Não vamos publicar a nova versão enquanto a NR 10 não for publicada porque a gente precisa que as duas normas falem a mesma linguagem.

Como o senhor avalia a qualidade dos EPIs para o risco elétrico hoje no país? Hoje você tem no Brasil toda a sorte de produtos. Infelizmente você tem de tudo. Quando você olha para os bons fabricantes de EPIs percebe que há produtos que atendem a todos os requisitos nacionais e internacionais. Muitos dos EPIs – roupa à prova de arco elétrico, capacete, viseira, óculos – vem de fora e parte deles se utilizam de matérias-primas de alta qualidade dos grandes fabricantes de tecidos. Há ótimos fabricantes de roupas que utilizam tecidos FR [Flame Resistant] com proteção antichama de muito boa qualidade. O problema são os que estão no mercado só para vender de qualquer jeito. Esses dias eu estava numa obra civil e tinha uma pessoa ali comigo que estava com uma roupa ATPV, especifica para o trabalho com eletricidade e eu perguntei: ‘você usa esta roupa porque trabalha com eletricidade?’ Ele respondeu: ‘Uso quando faço solda em tubulação porque me disseram que essa roupa era para proteção contra fogo’ E aí eu falei: ‘Até onde eu sei, não seria para este tipo de trabalho, mas vou consultar o especialista’. Consultei o Márcio Bottaro da USP, especialista no assunto e ele me confirmou que aquela roupa era para fogo repentino, especificamente para arco elétrico. Então, o problema todo está na falta de conhecimento das pessoas, na falta de análise de risco correta, na seleção e no uso dos equipamentos adequados às atividades. Você tem a tecnologia correta para aplicação correta, você tem a tecnologia correta sendo usada de forma errada e você tem a tecnologia incorreta sendo usada por uma determinada aplicação que não vai atender. Falta conhecimento dos dois lados: de quem está vendendo e de quem está comprando.

A empresa que vende o EPI tem um compromisso muito grande de orientar o seu consumidor de forma mais assertiva. É o que te falei, o mundo não é focado na área elétrica, o pessoal da Segurança do Trabalho, que não é eletricista ou que não trabalha em empresa de eletricidade, não tem o mínimo conhecimento na área. Isso eu vejo na minha prática diária. Recentemente fiz duas integrações em que se falou de tudo, de trabalho em altura, de espaço confinado e quando chega na hora da eletricidade, o pessoal apresenta a NR 10, diz que precisa usar os EPIs e muda de assunto. Percebo que o mundo da eletricidade dentro da indústria – não dentro de uma concessionária que vive a eletricidade – mas dentro da indústria em geral, é relegado ao eletricista, ao técnico e ao pessoal da área de Segurança do Trabalho. Só que estes profissionais, se não nasceram dentro da área elétrica, não compreendem e aí acabam falhando. Como eu disse, a análise de risco é que vai definir o EPI correto, o fabricante correto para a aplicação correta. Se isto não for bem feito, você vai errar e aí vai acontecer o acidente, e se acontecer o acidente, o EPI não vai te ajudar.

Como estão as capacitações para trabalhos com eletricidade? A NR 10 traz um conteúdo mínimo que tem que ser abordado. O que aconteceu nesses 18 anos? Todo mundo se achou no direito de fazer um cursinho para poder dizer o que é segurança com eletricidade. Você tem todos os tipos de profissionais ministrando o curso, não só o engenheiro de segurança ou o engenheiro eletricista, mas tem também o técnico mecânico e até o aprendiz. Onde está o problema disso tudo? Está no outro lado, na empresa que recebeu os certificados para os seus profissionais e não fez uma verificação sobre o que eles aprenderam. Ela apenas se preocupa em guardar o certificado para que se em algum determinado momento ele for solicitado, ela possa comprovar que o curso foi feito. Essa é a falha no Brasil: quem está solicitando a segurança, não está preocupado com a real segurança e sim com a guarda dos documentos. Hoje é pior ainda porque não é mais uma pessoa que recebe e sim um portal. A maioria das grandes empresas são portais que você não avança se você não colocar aquele documento. A capacitação muitas vezes é feita de qualquer jeito e o profissional para conseguir o emprego diz que sabe tudo. A falha está em quem contratou sem verificar a qualidade da sua capacitação. Dentro da NR 10 existe um aspecto que é negligenciado na maioria dos casos, que é a autorização. O profissional capacitado é uma coisa, o profissional habilitado é outra, o legalmente habilitado é outra. Todos precisam da autorização que serve para verificar qual é o limite de atuação da pessoa. Até onde este trabalhador conhece sobre o assunto e onde pode trabalhar. Infelizmente isso não existe para a maioria das empresas. Quando você é contratado, como eletricista de manutenção, por exemplo, você é eletricista de manutenção de tudo e aí, tanto o profissional perde o seu direito de recusa, porque se ele foi contratado para fazer tudo, vai ter que fazer, apesar de não saber. Assim como a empresa arrisca de acontecer um acidente porque a pessoa que contratou não tem a capacitação que deveria ter.

Ref.: Revista Proteção, Saúde e Segurança do Trabalho (Digital): Muito papel e pouca atitude Editora Proteção Publicações. Ed. 371, p. 10, novembro/2022.

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