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Exemplo compartilhado

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Consultor de empresa norte-americana aborda importância de desenvolver e empoderar a liderança para a Segurança do Trabalho

Entrevista à jornalista Daniela Bossle

O engenheiro mecânico e de segurança José Albano de Carvalho, 64, atuou por quase 38 anos na empresa 3M do Brasil em Ribeirão Preto/SP. Ao contrário de muitos que começaram suas carreiras pela área de segurança, ele aproveitou todas as oportunidades que teve nas diversas áreas e posições até chegar à SST.

Desde sua contratação em 1984, como engenheiro de produção e processos industriais para a área de fabricação de fitas magnéticas, as chamadas fitas K-7 e de vídeo, ele passou pela supervisão de diferentes setores produtivos, foi gerente de qualidade e processos, gerente de controle de projetos, liderou a implementação do Six Sigma na sede da empresa. Sua entrada para a área de EHS (Meio Ambiente, Saúde e Segurança) aconteceu em 2007 e em 2012 tornou-se gerente Regional de EHS para a América Latina até se aposentar em 2021.

Nestas mais de três décadas de 3M Albano foi aprimorando seus conhecimentos com pós-graduações em Administração de Negócios, Gestão do Conhecimento Empresarial e Gerenciamento Ambiental. Sua virada de chave maior foi quando conheceu a empresa de consultoria norte-americana Krause Bell Group, cuja máxima é dividir conhecimentos em segurança com seus clientes ensinando-lhes como trabalhar e usar novos conceitos voltados para área. Na entrevista ele fala do modus operandi da Segurança do Trabalho na maioria das empresas hoje, o que precisa mudar na sua visão e da sua atividade atual como um dos dois consultores brasileiros que trabalha para a Krause.

O senhor trabalhou por mais de 30 anos na 3M do Brasil. Primeiro na área de Produção e depois na área de Segurança do Trabalho. Atuar no setor produtivo lhe ajudou a ter maior compreensão da Segurança do Trabalho? Sinceramente eu poderia afirmar que uma das coisas que mais me ajudaram na área de EHS e em Segurança do Trabalho especificamente foi a experiência adquirida no setor produtivo. Normalmente os profissionais de SST têm suas carreiras sempre focadas nesta área e não conhecem a fundo os desafios de uma área produtiva. Minha experiência me ajudou a realmente poder colaborar com as áreas produtivas, pois eu sabia muito bem onde é que se encontravam as maiores dores e dificuldades do dia a dia da produção. Quando iniciei a carreira em EHS foquei principalmente em uma nova visão de que esta área deveria ser conhecida pelas áreas produtivas. Acredito muito que uma fábrica tem como principais funções para obter os melhores resultados, as áreas de produção e vendas. Todas as outras áreas são suporte para os objetivos de “ganhar dinheiro” de uma fábrica. A visão que passamos a perseguir em EHS era diferente da que normalmente havia no passado de que ‘EHS sempre procura a produção para trazer mais problemas e consequentemente mais trabalho’. A nossa visão passou a ser ‘EHS irá até as produções para dar todo o suporte técnico que eles precisam e ajudá-los a resolver qualquer problema relacionado a Meio Ambiente, Saúde e Segurança das operações’. A partir do momento em que você como EHS entende melhor as áreas produtivas, a eficácia das ações, o objetivo de trabalhar realmente como um time – EHS + Produção -, todos em função de um objetivo comum, os resultados mostram que este é o caminho certo.

Na sua avaliação as empresas estão no caminho certo para implantação de uma Segurança do Trabalho realmente eficaz? Qual a realidade na maioria delas? No Brasil, a maioria das empresas ainda vive com os mesmos paradigmas do passado: ‘segurança é responsabilidade da área de segurança!’. Este processo se torna falho principalmente na solução de problemas e de riscos, onde cada área puxa a brasa para sua sardinha, se esquecendo do objetivo maior que é a segurança contínua dos trabalhadores no seu dia a dia. Quando as empresas conseguirem enxergar este pequeno detalhe, elas perceberão quanto tempo perderam em reuniões, discussões, sem trabalhar em um objetivo comum. Outro detalhe é a importância das lideranças, em todos os níveis, no processo de melhoria da Segurança do Trabalho. Muitas empresas não fazem a mínima ideia do que isto significa.

Qual sua dica mais valiosa para que se consiga fazer um gerenciamento de risco realmente adequado?

Treine e trabalhe sua liderança para entender e fazer parte do processo de Segurança do Trabalho. Trabalhe a cultura de sua organização no sentido de que todos, todos mesmo, estejam empenhados em atingir os objetivos de Segurança do Trabalho. A partir do momento em que você conseguir trabalhar com foco na Segurança do Trabalho, os demais resultados virão como consequência positiva deste trabalho, como produtividade, qualidade e custos. Funcionários que percebem o real valor que a empresa dá à Segurança do Trabalho mudam seu comportamento, sua maneira de pensar e agir trazendo resultados mais positivos e duradouros.

Como é o seu trabalho hoje como consultor de Segurança do Trabalho da Krause Bell Group? A Krause possui um diferencial de outras consultorias que conheci que é a divisão do conhecimento com a empresa e o acompanhamento de perto do progresso dela ao longo do tempo. Existe uma máxima que diz ‘uma consultoria é paga para nos mostrar o que está errado na nossa empresa e nos dizer aquilo que já sabíamos que tínhamos que fazer, trazendo mais carga de trabalho a todos’… A Krause se diferencia desta máxima pois além de dividir o conhecimento adquirido ao longo de quase 40 anos de trabalho com segurança, por profissionais altamente capacitados e conhecedores do assunto, ela ensina às empresas como trabalhar e implementar esses novos conceitos através de dados e pesquisas que comprovam a eficácia da sua aplicação. Através dos conceitos estudados e comprovados no livro 7 Insights into Safety Leadership (7 Percepções sobre Liderança em Segurança), esta empresa promove o treinamento desde a mais alta liderança começando pelo CEO e seus diretos, demonstrando, assim, a importância que esta liderança terá em entender e aplicar estes conceitos em toda a empresa. A partir do momento em que a empresa, a partir de sua mais alta liderança, entende que a cultura de segurança pode e deve ser melhorada, é iniciado o processo de propagação destes conceitos por todas as lideranças da empresa, até a linha de supervisão direta da operação. A empresa identifica líderes internos com potencial de dividir os conceitos com outros líderes. Estes líderes passam a ser considerados “Consultores Internos” (CI). Fazemos um workshop de cinco dias para o treinamento dos CIs para capacitá-los na propagação deste treinamento para todos os líderes da empresa, que acontecerá em um dia de treinamento destes líderes. Nós, consultores da Krause, acompanhamos pelo menos dois treinamentos de cada CI para certificá-los de que estão aptos a continuarem os próximos treinamentos internos sem a nossa presença no futuro. Na medida em que mais líderes são contaminados pelo processo, em acordo com a empresa, acompanharemos as mudanças e as melhorias dos resultados em segurança.

Há mudanças interessantes que o senhor já observou a partir desta sistemática que vem sendo utilizada nos treinamentos? Não é necessário mencionar nomes de empresas, mas talvez contar transformações e/ou resultados possa ser interessante… Não tenho comigo os resultados numéricos alcançados pelo cliente com relação à redução de incidentes com afastamento, mas sabemos que após um ano de trabalho com os líderes de uma das empresas clientes, a redução destes incidentes foi muito significativa. Um valor interessante que posso dividir com você é o número de líderes que já foram treinados por um dos clientes em apenas um ano de trabalho. Realizamos dois workshops de treinamento dos CIs nos meses de janeiro e março de 2023. Ao final do ano a empresa já tinha aplicado o treinamento dos 7 Insights sobre Liderança em Segurança, para mais de 700 líderes internos. O comentário geral entre a liderança era principalmente em relação à mudança de valores que estes treinamentos internos estavam provocando e trazendo resultados positivos em segurança.

O livro 7 Insights sobre Liderança em Segurança dos CEOs da empresa para a qual o senhor trabalha como consultor bate forte na importância do papel do líder para o fortalecimento da cultura de segurança nas empresas. Qual é o recado principal deste livro? O principal recado do livro está ligado diretamente a cada um dos 7 Insights. Em resumo seria o reconhecimento da segurança como um valor e uma estratégia da empresa. O trabalho de prevenção de incidentes tem que focar nas possíveis lesões mais graves ou fatalidades ocorridas ou com potencial de ocorrer nas instalações. O papel do líder é fundamental para que as melhorias em segurança sejam implementadas. A cultura de segurança é o que vai sustentar o melhor ou o pior desempenho em segurança. Conceitos básicos e fundamentais sobre segurança tem que ser de entendimento de toda a liderança e não somente do departamento de segurança da empresa. Os líderes têm que estar muito atentos ao seu comportamento em relação à segurança. Eles têm que agir de acordo com aquilo que pregam e pedem aos seus colaboradores. Por fim, um conceito muito novo e propriedade intelectual da Krause é a demonstração da importância das decisões tomadas por toda a liderança, que podem ser afetadas por vieses cognitivos e influenciarem em um acidente sério ou uma fatalidade. Quando eu conheci e li o livro pela primeira vez na 3M, meu comentário foi simplesmente ‘este livro e seus conceitos era tudo o que eu queria ouvir e tenho certeza que a implementação de seus conceitos nos levará a resultados mais positivos e duradouros’.

O senhor gostaria de deixar uma mensagem final para os leitores da Proteção?

Gostaria somente de reforçar o quanto eu acredito nesta metodologia, neste processo de desenvolvimento e empoderamento da liderança com relação à Segurança do Trabalho. Você pode ter o melhor e mais engajado CEO/presidente em uma empresa em relação à segurança, mas se este exemplo não for compartilhado pela alta liderança, que estará mais ligada às gerências de plantas, que por sua vez são exemplos aos líderes da média gerência, o processo, a cultura de segurança na empresa, não irão melhorar da maneira necessária. Outro detalhe importante a ser mencionado é o processo de treinamento dos consultores internos de nossos clientes. Durante estes treinamentos o objetivo principal é capacitar os CIs a ministrarem o mesmo treinamento a outros líderes dentro da empresa, mas a riqueza do processo está na oportunidade de ouvir as contribuições de cada um deles, dividindo seus conhecimentos e experiências em segurança com os outros participantes. Este processo enriquece o treinamento e conecta os participantes a casos da empresa que talvez nunca tenham tido a oportunidade de conhecer. Nunca se esqueçam que qualquer liderado vai sempre seguir aquele que o lidera diretamente e não o CEO/presidente da empresa. Por este motivo, o envolvimento de toda a liderança de uma empresa é tão fundamental para o seu sucesso.

 

REVELAÇÕES DO LIVRO 7 INSIGHTS SOBRE LIDERANÇA EM SEGURANÇA

Os CEOs da empresa Krause Bell Group, Kristen J. Bell e Tom Krause, escreveram o livro 7 Insights sobre Liderança em Segurança trazendo seu conhecimento e experiência sobre como sua consultoria vem auxiliando no fortalecimento da cultura de segurança junto aos seus clientes.

Confira as principais revelações que o livro traz:

  1. Reconhecimento da segurança como um valor e uma estratégia da empresa;
  2. A prevenção de incidentes deve focar nas possíveis lesões mais graves e/ou fatalidades ocorridas ou com potencial de ocorrer;
  3. O papel do líder é fundamental para que as melhorias em segurança sejam implementadas;
  4. A cultura de segurança é o que vai sustentar o melhor ou o pior desempenho em segurança;
  5. Conceitos básicos e fundamentais sobre segurança devem ser compreendidos por toda a liderança e não somente pelo departamento de segurança da empresa;
  6. Líderes têm que estar muito atentos ao seu comportamento em relação à segurança agindo conforme aquilo que pregam e pedem aos seus colaboradores;
  7. Decisões tomadas por toda a liderança podem ser afetadas por vieses cognitivos e influenciarem em um acidente sério ou uma fatalidade.

Ref.: Revista Proteção, Saúde e Segurança do Trabalho (Digital): Exemplo Compartilhado Editora Proteção Publicações. Ed. 388, p. 8, janeiro/2024.

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